Horta


A Horta Comunitária da 416N é um projeto que procura fortalecer a vida comunitária, a educação ambiental, a alimentação saudável e a medicina natural. É uma iniciativa dos moradores da SQN 416, que formam o Coletivo 416 Norte, com apoio da Prefeitura da SQN 416.  

1. POR QUE ESTÃO FAZENDO A HORTA?
Vida comunitária, educação ambiental, alimentação saudável e medicina natural. Com a horta, estamos formando e fortalecendo laços de amizade e de comunidade. Ao cultivarmos alimentos, aprendemos como eles chegam a nossas mesas, cuidamos para que sejam mais saudáveis e livre de agrotóxicos, descobrimos o prazer de fazer com nossas próprias mãos, temos uma atividade ao ar livre e observamos a natureza. - Hoje em dia, uma criança não sabe como cresce um pé de alface. Na nossa horta, as crianças são bem vindas a aprender e praticar. Alimentação saudável também é importante, mas nossa horta é ainda pequena para abastecer totalmente as famílias. Gostaríamos que todos os blocos tivessem seus próprios canteiros de ervas medicinais e condimentos para intercâmbio de cultivos e interação comunitária. Assim, os distantes blocos poderiam perceber sua quadra ou até mesmo a Unidade Residencial (SQNs 416, 415, 215 e 216) como um sistema vivo e integrado pela vizinhança. E além disso, consideramos que as hortas são jardins, assim como os gramados e o paisagismo pobres em biodiversidade projetados por técnicos do governo.

Horta despertou atenção da mídia


2. QUEM ESTÁ PARTICIPANDO DESSA INICIATIVA?
A iniciativa é aberta a todos que moram nas redondezas. Mais de 150 vizinhos já assinaram um abaixo-assinado apoiando a horta. Atualmente, cerca de 30 adultos participam ativamente da iniciativa. São engenheiros agrônomos, farmacêuticos, engenheiros florestais, designers, psicólogos, jornalistas, estudantes, funcionários públicos, entre outros com nível educacional que vai do ensino médio ao doutorado/Ph.D. As crianças dessas famílias também têm contato com a horta e aos poucos estão aprendendo e colaborando dentro de sua realidade. Essas pessoas formam o Coletivo 416N.



3. QUEM É O COLETIVO 416N?
Somos um grupo formado na maior parte por moradores da 416 Norte e por participantes das quadras 415 e 216 norte preocupados com a qualidade de vida comunitária e com a sustentabilidade do lugar onde moramos. Estamos organizados num movimento pela regulamentação da Agricultura Urbana, (AU) em Brasília. Compomos a Articulação de Grupos de Agricultura Urbana no DF, (AGAU-DF) e o Grupo de Trabalho de Agricultura Urbana e Cidadania no Movimento Nossa Brasília, vinculado à Rede Latino Americana por Cidades Justas, Democráticas e Sustentáveis. Várias reuniões aconteceram para viabilizar nosso movimento, dentro e fora da quadra. Foi criado um grupo para divulgação e participação coletiva na rede social Facebook, chamado Coletivo 416N, onde qualquer interessado pode entrar. O Coletivo 416 Norte tem agora a gestão da Prefeitura da SQN 416. 

4. A HORTA COMUNITÁRIA É UM USO PRIVADO DO ESPAÇO PÚBLICO?
Não. A horta é uma atividade comunitária no espaço público,sem mudar a natureza pública do espaço. Da mesma forma que usar a quadra de esportes para esportes e brincadeiras não muda a natureza pública da quadra, o uso do espaço da horta não muda sua natureza pública. Qualquer pessoa pode ir lá e praticar um pouco suas habilidades com a terra, ou mesmo colher o que foi plantado. Lúcio Costa previu no plano de Brasília a escala bucólica, caracterizada por “extensas áreas livres que envolvem a área mais densamente edificada”, cujos parâmetros de uso e ocupação do solo determinam “serem ocupadas por bosques rústicos, áreas livres ou destinadas ao lazer.” Existe também a Lei Distrital nº 4.772/2012, que dispõe sobre diretrizes para as políticas de apoio à agricultura urbana no DF. Hortas comunitárias em áreas urbanas são uma tendência mundial e representam o desejo coletivo pelo “direito à cidade” (HARVEY, D.; LEFEBVRE, H.), pela alimentação saudável, pela transição agroecológica, pelo uso do espaço público como espaço de interação da comunidade, de educação ambiental e de cidadania.

5. É UMA INICIATIVA ISOLADA? É SÓ AQUI?
Não. No DF, são mais de 20 grupos de agricultura urbana que estão se articulando e conversando com o governo sobre a regulamentação da prática que cresce no Brasil e está bem consolidada nos países como Suíça, Inglaterra, Holanda, Suécia, Espanha, vários estados dos EUA, Cuba, Japão. Na semana do Carnaval, foi entregue um documento da AGAU à Secretaria do Meio Ambiente do GDF, (SEMA) apresentando o movimento, suas demandas e proposições para regulamentar as práticas de AU.

6. A INICIATIVA VAI FAVORECER O ACAMPAMENTO DOS MORADORES DE RUA NA ÁREA, POIS CRIA UM PRECEDENTE? E QUANTO À FREQUÊNCIA POR USUÁRIOS DE DROGAS? E EM RELAÇÃO AOS CARROS QUE TRAFEGAM NA ÁREA?
A degradação de áreas urbanas são consequência direta do abandono de áreas públicas livres. Ao contrário do caso dos moradores de rua, aos quais é proibido usar a área pública para habitação, a atividade de jardinagem horticultural não é proibida, e sim reconhecida pela Lei Distrital nº 4.772/2012. A iniciativa da horta tem afastado os acampamentos irregulares, os usuários de droga e diminuído o fluxo de carros na área, que ficou mais movimentada com a presença do grupo de AU. Como o pico de atividades do grupo na horta é pela manhã e ao entardecer, a área também fica mais segura nesses horários. Nesses quase 6 meses, houve aenas 1 acampamento próximo à área da horta e não passou de 2 dias.

7. E OS EFEITOS NA PAISAGEM?
Hortas também são paisagens bonitas. Os que reclamam, travam um embate entre estética e gosto. As hortas tornam as áreas mais interessantes e humanizadas. Os que defendem a monocultura de grama, além de carregarem um ranço colonial do arremedo à estética européia do Século XIX, não suportam a idéia de conciliação da estética rural na área urbana, ainda mais quando é associada ao status dos camponeses, A área onde está a horta era um gramado degradado, cortado por uma estrada de terra, próxima de constantes acampamentos de moradores de rua. Árvores foram plantadas e estão em seu estágio inicial de crescimento. Com o tempo, deixarão a paisagem ainda mais bonita, além de trazer frutos e temperos.

8. HAVERÁ DESVALORIZAÇÃO DOS IMÓVEIS?
Hortas urbanas são uma tendência mundial. São parte de uma estratégia de resiliência urbana das cidades do futuro. A presença de uma horta comunitária organizada só valoriza a área. Podemos citar o caso de Amsterdamm, em que a regulamentação das hortas no Plano Diretor Urbano evitou a expansão desordenada e horizontal da cidade rumo á zona rural. Lá as hortas urbanas viraram espaços de uso múltiplo, especialmente orientadas ao lazer coletivo.

9. HÁ APLICAÇÃO DE PRODUTOS TÓXICOS? QUEM PODE FISCALIZAR?
Os participantes são adeptos da agricultura orgânica, isto é, sem uso de venenos. Essa é uma das motivações para a horta: comer alimentos saudáveis. Todos os envolvidos são portanto, os fiscais. A horta da 416 segue princípios agroflorestais, que preconiza o uso de diferentes espécies de plantas em conjunto, para promover o melhor equilíbrio de pragas e nutrição do solo.O consumo dos alimentos vindos da horta envolve o mesmo risco que o consumo das frutas das árvores da área pública, pois estão em área aberta, sem controle da entrada de animais ou de pessoas mal-intencionadas. Todos os alimentos devem ser cuidadosamente lavados e desinfetados, assim como qualquer alimento comercializado nos supermercados.

10. A HORTA PODE TRAZER CONSEQUÊNCIAS JUDICIAIS PARA OS CONDOMÍNIOS?
A horta comunitária tem previsão legal, não é uma ação dos condomínios e portanto não traz consequências negativas a estes.

12. QUAIS SÃO OS REAIS PROBLEMAS DA ÁREA?
A horta não é um problema, é uma solução. Ao fortalecer a vida comunitária, está mobilizando os moradores, a cuidarem também de toda a quadra. Isso envolve a discussão do acúmulo de lixo nas calçadas, da falta de manutenção dos gramados, da poda incorreta de árvores, do barulho abusivo que vêm do Calçadão, das três mortes que ocorreram no gramado nos últimos seis meses, da degradação da quadra de esportes e do parque infantil, da falta de coleta das fezes dos cachorros pelos moradores, das fezes e urina humanas do acampamento de moradores de rua e suas ocorrências de violência doméstica, do uso de drogas, do canteiro de obras abandonado pelo GDF, da falta de consulta pública para construção do trevo de triagem norte numa área de proteção permanente,(APP) e tombada como Escala Bucólica, entre outros.

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